Há poucos dias, conheci uma menina que veio de longe, muito longe. Pra lá de onde os navios desaparecem, onde o sol nasce e se põe antes, onde os dias passam primeiro. Como é bom tê-la perto de mim, mesmo que por pouco tempo, por um tempo limitado. O mesmo tempo que lá, de onde ela veio, passa antes, como sua vida e a de seus conterrâneos, mais sortudos que eu, que com ela poderão mais tempo conviver. O mesmo tempo que lá passa antes.
Essa menina veio de muito longe com suas formas e gestos estranhamente belos para mim: Seu cabelo unicamente penteado, que circula suas orelhas, que, por sua vez, sustentam grandes brincos que visam tornar a silhueta de sua face ainda mais linda, como se isso fosse possível. E grande é o esforço que se faz para notar esses detalhes, pois seus olhos claros e lábios grossos atraem nossa atenção como um buraco negro que até a luz do universo prende em si. Seu corpo é de formas simples, cobertas por um mistério que desejamos desvendar em nossas madrugadas insones. Quantas cores têm! Todas talvez, perfeitamente combinadas, ali, numa pessoa só.
Será que no lugar de onde ela veio – longe, muito longe – a vida é bela como ela? Não... Não deve ser. A vida tende a ser igual em todos os lugares, independentemente do tempo passar antes ou depois. As melancolias das tardes chuvosas são atemporais e cidadãs do mundo. A não ser que não tratemos de um lugar físico, geográfico, mas de um lugar que imaginamos, que criamos em nossa cabeça, tão misterioso quanto essa menina que veio de longe, muito longe.
Porque ela pode não ser simplesmente uma pessoa especial, mas a personificação do que acredito inexistente, do que acredito impossível. É o que penso toda vez em que a vejo ir embora, após ouvir os seus “até logos” que se acumularão até uma despedida inevitável. E ela então partirá de volta à sua terra, e desaparecerá como os navios, a partir de quando eu poderei compartilhar com ela somente as tardes chuvosas.
Enquanto isso, ela segue aqui, ao meu lado, até o verão, quando rumará a climas menos hostis, como um pássaro que se vai e deixa o ninho desolado. E eu, sobre seus olhos claros e lábios grossos. Perto, sei, mas ao mesmo tempo, que lá passa antes, longe, muito longe.
Essa menina veio de muito longe com suas formas e gestos estranhamente belos para mim: Seu cabelo unicamente penteado, que circula suas orelhas, que, por sua vez, sustentam grandes brincos que visam tornar a silhueta de sua face ainda mais linda, como se isso fosse possível. E grande é o esforço que se faz para notar esses detalhes, pois seus olhos claros e lábios grossos atraem nossa atenção como um buraco negro que até a luz do universo prende em si. Seu corpo é de formas simples, cobertas por um mistério que desejamos desvendar em nossas madrugadas insones. Quantas cores têm! Todas talvez, perfeitamente combinadas, ali, numa pessoa só.
Será que no lugar de onde ela veio – longe, muito longe – a vida é bela como ela? Não... Não deve ser. A vida tende a ser igual em todos os lugares, independentemente do tempo passar antes ou depois. As melancolias das tardes chuvosas são atemporais e cidadãs do mundo. A não ser que não tratemos de um lugar físico, geográfico, mas de um lugar que imaginamos, que criamos em nossa cabeça, tão misterioso quanto essa menina que veio de longe, muito longe.
Porque ela pode não ser simplesmente uma pessoa especial, mas a personificação do que acredito inexistente, do que acredito impossível. É o que penso toda vez em que a vejo ir embora, após ouvir os seus “até logos” que se acumularão até uma despedida inevitável. E ela então partirá de volta à sua terra, e desaparecerá como os navios, a partir de quando eu poderei compartilhar com ela somente as tardes chuvosas.
Enquanto isso, ela segue aqui, ao meu lado, até o verão, quando rumará a climas menos hostis, como um pássaro que se vai e deixa o ninho desolado. E eu, sobre seus olhos claros e lábios grossos. Perto, sei, mas ao mesmo tempo, que lá passa antes, longe, muito longe.
Um comentário:
Já sei (ou acho que já sei) quem é esta menina que veio de longe.
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